Solidão Silenciosa, Cor de Rosa
Rompe-se algo dentro de mim.
Vejo-me mais velha. Não queria:
Tenho uma alma \'menina\', com momentos de alegria.
Entretanto, a vida faz isso sempre:
Tira a alegria, põe a tristeza.
Como se hoje tivesse pão, e amanhã nada sobre a mesa...
Tento me acertar.
Fico quieta, penso.
Porém, essa espera muda é inútil: Nada vem.
Um amigo muito querido por mim, a ponto de chamá-lo de primo,ao ler uma frase minha,
(A tristeza envelhece e a felicidade revitaliza), comentou:
" Por isso que você é uma pessoa alegre e jovem. Parabéns Fatuquinha."
Se fosse pouco tempo atrás, concordaria com ele.
Mas, de agosto para cá, me sinto 5 anos mais velha.
Os problemas tem esse poder.
As indecisões também.
A falta de soluções para essas situações, idem.
Com isso, a consequência reflete na face: rosto cansado, olheiras, pele mais seca, pequenas rugas que antes não apareciam...
Essa sou eu...
Mesmo que esse meu amigo e outras pessoas, afirmem a minha vitalidade aos 50 anos!
Não me sinto mais tão jovial.
A criança dá lugar à mulher cansada de tantas batalhas e desafios.
Sempre tentava compreender o que ficou de melhor em cada situação vivida até hoje.
Nunca achava que tudo era ruim, sempre procurando motivar-me e aos que me cercavam dizendo:
De tudo se tira uma lição. Há males que aparecem para um bem maior...
Já não sei se continuo a pensar dessa maneira.
O vento corre contra. A próxima rajada será melhor?
A filha caçula diz que sou dramática demais.
Queria saber se ela tivesse levado os baques que já levei, se não seria...
Cada um tem em sua vida, seus momentos de completa solidão, mesmo com outros no entorno.
Estou assim: Sozinha.
Sem rumo para o meu atual dilema.
Sem saber o que fazer.
A ponto de achar a solidão (antes detestada), uma amiga silenciosa que embala...
Como um vento guiando um veleiro cor de rosa...
Suave.
E uma vontade louca de \'fugir\' para longe.
Onde a minha solidão enfim seja verdadeira:
Só eu, e o recomeço.
Sem \'pedras no sapato\', de um \'pé doente\'.
Fátima Abreu
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O QUE SOU
Não sou a serpente inca.
Acaso achas que sou?
Não, sou a sereia que vem nas marolas.
Sou o azul que as serpenteia.
Sou o branco trazendo a paz no olhar.
Sou o véu que encobre a tristeza e traz flores nas mãos de rara beleza.
Sou o ar que respiras quando sente meu odor de almíscar selvagem.
Sou a flor que colhe às tuas margens.
Fátima Abreu
Fatuquinha autora