À Geração da Palavra Proibida
Fartem-se, senhores,
neste banquete de misérias
aproveitem até as migalhas;
nós não precisamos de nada disso
temos de sobra idéias.
Aproveitem, senhores,
levem tudo e não deixem restos,
podem arruinar nossos sonhos,
nós ainda temos sonhos,
e os senhores?
Bolsos cheios de cédulas vazias
e cara de hipocrisia,
nós estamos livres para voar,
e os senhores?
Têm os pés acorrentados aos cofres.
Nossa bagagem é leve
carregamos dentro do cérebro
a dos senhores pesa toneladas e toneladas
de terra, objetos e detritos;
os senhores carregam a destruição
do planeta nas costas,
e nós somos muitos caminhando
na ponta dos pés sobre o planeta;
tomem conta, senhores, dos seus pacotes,
eles controlam tudo:a informação e a corrupção;
nós não fazemos acordos
somos de algum modo contra tudo isso.
Por isto, senhores,
fartem-se roendo até aos ossos,
esgotem a última gota do nosso suor,
depois calem-se, mas calem-se para sempre,
nós temos muito que fazer,
temos coragem.
Nazareth Bizutti - 1986
1º Lugar no Concurso "Crônicas e Poesia" da Associação Sul Mineira de Imprensa - 1991