Vi a escrita do mundo se fundar em pedras falsas;
Zircônios no lugar de diamantes...
E amantes no lugar dos verdadeiros anéis.
Também vi os pastéis de vento, com tão pouco recheio;
Vi meus piores pesadelos num baile de máscaras qualquer;
Vi estradas paralepipidadas de saudade e duras rochas tendo que ser levantadas.
Vi marreteiros ao sol fincando as dragas
Dos rios, pra desobstruir o mar...
Vi entre vitrais polidos, o cura rezar
Com as mãos enlaçadas de bondade...
Vi túnicas de prata luzindo a fé,
E homens canibais comendo homens.
Neste sistema em que vi... vi horizontes
Abertos em matizes sórdidos.
Como vi meninos cheirando cola!
Clamando pelo colo materno...
Vi meu útero indo embora sem sangue;
Vi que morri por entre meus limitados anos;
E dos ilimitados planos sucumbi.
Plantei árvores frondosas;
Cuspi salivas insensatas nestes anos...
Ah! Meu Deus, se pudesse em outro plano,
Voltar como a criança que o olho brilha...
Diante da chuva e das bolinhas de sabão
Eu daria muitos pulos...quantos pudesse
Pra tocar as belas fadas.
E nas vivendas que teria pela vida
Ah! Seria novamente a poesia nata...
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)