Minha linda! Odeio essa impotência em mim,
agora tão longe de ti.
Sinto tão densas as trevas da noite
- abismo da tua ausência,
no calar da voz suave
sussurrando ternas palavras de amor.
Tantas saudades de poder tocar o rosto,
sentir a tez macia e quente;
ter outra vez a vida guiada
pela luz de teus olhos verdes
como esmeraldas resplandecendo de amor.
Me sinto só no abismo da noite,
na vã percepção de poder tocar teu corpo
sentindo tua respiração entrecortada
confessando timidamente desejos,
quase envergonhada num sutil pudor.
Ah! Mais uma vez poder sentir suave,
teu rosto afogueado colado em mim,
teus seios aconchegados em meu peito,
tua hálito tépido em meu pescoço,
as batidas ritmadas do coração que foi meu.
Nessa impotência que se abate agora,
apenas posso desejar em vão
poder uma vez só se possível fosse,
com beijos cálidos e tanta ternura,
selar teus lábios antes daquele adeus.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.