Um grito em fuga pela dor da incerteza
Condenado à natureza do vazio infinito
Ausente de mito e refém da aspereza
Do silêncio que denso na alma é suplício
Ecoa o dito de um discurso sem firmeza
Refletindo a pobreza de um olhar nu e aflito
Em desafio ao rito ausente de nobreza
Da norma que o escrito em si é conflito
Revolta do sentido pela ideia que se detém
Pela regra definida de um único sujeito
Ao todo sem direito, carece-se de respeito
Pela falta de escolha de onde o vento vem
Essência de uma brisa que tira por proveito
O desejo de alguém quando não o convém
Murilo Celani Servo