Confissões de Um Velho Político à Beira da Morte
Confesso que menti inúmeras vezes.
Confesso também que deixei as ideologias da juventude serem tragadas pela ambição, poder, dinheiro e vontade de vencer.
Ainda, digo que muitas vezes deixei a família que constituí para trás, em meus interesses mundanos e fúteis!
Confesso que me corrompi.
Deixei meus valores de lado.
Destruí vidas com atitudes impensadas.
Deixei de ajudar:
Abri portas para quem não precisava, mas fechei para quem realmente tinha necessidade.
Confesso que me deixei encantar pelo sistema fácil que me ofereciam algumas pessoas.
Fui comprado pelos maiorais: Pessoas com poder maior que o meu, pois tinham dinheiro, e posição mais elevada.
Confesso que não estive presente nas horas mais importantes do lar:
Não vi meus filhos crescerem de fato.
Tampouco vi meus netos nascerem: Estava sempre ocupado nas campanhas políticas
para minha reeleição.
Confesso que minha esposa foi traída inúmeras vezes:
Mulheres que só queriam se posicionar e levar alguma vantagem, se aproximaram de mim, e eu, homem que sou, não deixaria de aproveitar tais momentos...
A minha vida foi levada anos a fio, pelos interesses. Conheci pessoas vãs, fui uma delas.
Confesso que na hora da fazer promessas, eu iludia sem remorso...
Confesso também e com o coração em frangalhos, que se pudesse voltar atrás, fariam tudo novamente: Exatamente como relato aqui.
Há pessoas que não consertam nunca!
Sou uma delas.
E se você, que lê essa minha carta de despedida da vida, pensa que sou um moribundo, engana-se: Vou dar cabo dela. Pois os tormentos fazem com que pessoas como eu, nada tenham de bom para dar a mais ninguém.
Fim do jogo.
BUM!
Fátima Fatuquinha Abreu