Sou como os sapatos clarividentes, que perambulam pelas velhas ruas.
Nuamente despidos dos nojos das gentes; pisam em escarros e peles sujas.
E condensam o cheiro dos sentidos, captando as paredes das poeiras que se formam. E que se deformam na omissão...
Meu formato é bem definido, brilho como o pólen na flor. Meu cheiro exala odores distintos, ora com beleza, ora desamor.
E dentro dos meus pés, viajo...como a ferida borbulhante.
Como o sono dos bebês que doravante, se escusam de sofrer dores fingidas.
Minhas dores são contínuas e temidas, pois tenho dentro de mim um caminhar vazio.
Pra chutar o balde e lamber o chão; das aparências inaladas. Me condenso no mel da eficácia, e jazigos me esperam ao sul. De serafins e urubus, que se apoderam de mim. Uma vez eu digo sim, e noutras perdão.
Meus pés transpassam a multidão, a ponto de nem mesmo ter minhas digitais na alma. Perdi-me de mim, da minha calma, quando o teu cheiro incorporou.
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)