De uns tempos pra cá, tenho observado nas pessoas adultas! Sabe o que concluí? Não quero ser uma pessoa adulta! Certo, certo! Sou adulto. Então, ao menos, não quero parecer tão adulto! Não, não! Não estou falando de idade cronológica, nem biológica. Quando eu lecionava, conheci uma das coisas mais tristes: jovens, jovens mesmo de todas as idades com espírito de velho, sem coragem, sem sonho, sem sorriso no rosto,... infelizes e cheios de vida e saúde!
Mas, também, pessoas demasiadamente adultas: sérias demais, tristes demais,... cheias de experiências e motivos para serem felizes e não comemoram isso, não comemoram tudo que já viveram: seja alegria ou tristeza, mas já viveram e estão aí vivas e fortes. Tenho olhado mais para os velhos... Sim: velhos! Acho essa palavra linda, cheia de história,... Agora que estou ficando velho, já vou avisando: não me venham chamar com essas expressões inventadas para tentar esconder a verdade: a velhice! Isso é coisa de velho que não quer ser velho e não existe coisa mais ridícula que velho querer ser garotão ou garotona; aí inventam essa tal de melhor idade... melhor nada, melhor é a juventude! Nem idoso... idoso deriva da palavra “idos”, ou seja, aquilo que já passou! E ser velho não significa que já passou: pode-se ser muito velho, mas ter muita vida ainda pela frente. Não, definitivamente, não quero ser idoso, quero ser velho: velho e cheio de vida!
Melhor mesmo é quando se tem saúde, em qualquer idade! Todavia, perder a saúde é um acidente de percurso; quando se pode evitar, ótimo, agora, quando não pode, tem-se de adaptar a nova situação! Vale acrescentar que tem muita gente, inclusive, jovens que poderiam evitar perder a saúde, além de não evitar, levam uma vida de risco. Porém, acho que estou perdendo o foco da minha proposta inicial, ou melhor, perdi totalmente o foco! A princípio, eu ia fazer um poema sobre como é chato ser psicologicamente adulto demais, todavia, conversa vai conversa vem espichamos o papo e surgiu essa interação entre adulto, jovem e velho. Mas um texto se faz assim, puxando fios e tecendo-os quais tecelões.
Para concluir, volto ao que comecei dizer: não me parecer uma pessoa adulta demais psicologicamente. Quero que as pessoas olhem para mim e tenham coragem de brincar comigo, porque tenho “uma cara boa”, de bons amigos; quero ter bom humor (tenho aprendido, podemos mudar o nosso mau humor em bom humor... é só ter vontade!); quero brincar com as crianças (brincadeira sem graça mesmo... daquelas que as crianças gostam e dão gargalhada...); quero, enfim, ser um adulto feliz e grato à vida e quero abraçar a velhice que está chegando, com muito carinho e gratidão por tê-la alcançado! Agora, preciso acrescentar algo de última hora, diante dos fatos, se não puder ser velho, não tem que ninguém se lamentar por isso, porque vive a vida que Deus me deu até quando ele quis.
Manoel De almeida