Não importa a cor do teu vestido que te veste, ou que te desnuda
Importa é o amor que te cobre a pela nua e a alma atrevida e leve
Não te cabem o tempo que te mede e a estrada que sempre te perde
Não te fere a faca que não te corta e corta e não sentes o corte e sangra.
Não em te cabe a solidão quando só, nem a alegria de seres muitas nem poucas
Não te sintas mentirosa quando em te sobra a liberdade, sinta em te só a felicidade
Não te sinta culpada pelos erros, quando de coração amou alguém: amar é estar sem juízo
Não te unas a quem queres pela ponte: una-te ao teu amor pelo puro amor; amor puro amar
Não te cabe a certeza de que nada tem sentido; cabe em te a alegria de saber ser feliz
Não te cabe a luta na busca da luz se em te não há luz, se em te a dor é assimétrica e cega
Não deixe de procurar teu caminho todos os dias; assim estará sempre dentro de ti o teu dia
Não caberá em ti não me encontrares se é por mim que procuras, por todos esses dias
Não cabe em te amar-te a metade de ti, nem descrer que tudo que nasce um dia vai acabar
Assim como sois parindo das montanhas ou velas que se queimam por fracas orações
Nunca te sintas gotas quebradas, desgarradas das fontes nem chamas que brotam das lenhas
Sinta-te o amor que de tanto feliz escorre das serras, nas manhas chuvosas
Sinta-te o amor mais puro da mãe que chora ao nascer do teu último filho
Sinta-te dona de mim ao respirar, assim me sinto dono de te, ao amar
Amar te
Mar te
Ar te
Te
José Veríssimo