E dou por mim parado
Na ombreira do ser encostado
Pensando, nos limites do provável
Tão só, cansado, instável
Embarca solidão em mim
Sou barco que navega para o fim
Um improvável que carece de estado
Por nascer, por viver atormentado
Só me resta naufragar
Ir e morrer no mar
Condenado, castigado
Por nunca amar, por nunca tentar
Aplaudam-me as dores
Que me vou sem dizer adeus
Joguem-me flores
Que me vou
Que me vou sem dizer adeus
E dou por mim parado
Na ombreira do ser encostado
De cigarro aceso nos queixos
Pensando no fumo que deixo
Fumo, só deixo fumo
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.