Toda vez que eu perco um colo...
Eu olho para ócio e me sinto um tanto desgastado pelo tempo...
Pois entendo que o obvio nem sempre me entende.
É possível que o vento, que nem se quer tem a decência de se mostrar, se escondendo na transparência, mas batendo forte quando quer derrubar... Não conheça a ânsia e nem tão pouco a minha infância, ao levar todos os colos que vieram me acalentar.
Um colo que veio, um colo que vem, um colo que se foi, um colo que virá...
Lembro do cheiro que um colo tem quando corro para ele, buscando quem sabe apenas pensar, pensar... até no sono pegar.
Claro que também lembro, quando as mãos de quem insiste das lembranças me deletar, passavam pelos meus dedos solicitando que meu colo absorvesse seus cabelos.
Não sei se é conveniente que um colo que se desmancha no calor dos pensamentos de uma mente doente, queira um dia, de volta, receber colo de quem desprezou no ápice de uma lida eloquente.
Um colo, e nem todos os colos que passaram por mim, descansando minhas ideias, enquanto me preparava para executá-las, não me credenciaram para sentir o amargo gosto da frieza contida no âmago de um coração ausente.
Mas consequentemente, me deixaram apto para dar ainda mais colo, como se fossem arestas, aparando as vertentes de uma alma cansada, mas não vencida pela vida...
...que insistentemente surrou-me para roubar meus sonhos, que mais vivos que nunca, sussurram em meus ouvidos:
Estamos chegando, estamos chegando, estamos chegando, estamos chegando, estamos chegando...
Antonio J. Flores
Todos, de alguma forma querem colo, ou existem aqueles que além de receber, querem também dar...