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Houvesse luar lá fora

 
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Houvesse luar lá fora
como aqui no peito a tua ausência é fogo,
lava líquida injectada nas paredes brancas da demora…

Houvesse luar lá fora
e os prados transparentes por sob o mar
seriam estradas límpidas e infinitas em nosso caminhar,
e a noite, a noite amado, a noite esclarecida,
seria vereda verde margeada a rendilhas p'la mão da lua
e nos meus olhos,
nos meus olhos de mares por ti só
no pranto outrora navegados,
estrelas luzentes bordariam lenços d’eternos namorados.

Houvesse luar lá fora como agora silêncio de gritos,
de tambores,
de castanholas,
de pandeiretas existe no sobrado desprovido e triste
d’amurada provecta,
de antiqua Nau Catrineta,
silêncio que se ecoa ciciante em teu lugar.

Houvesse luar lá fora, no céu empalidecido desta Lisboa
... houvesse luar.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/01/2008 12:30  Atualizado: 27/01/2008 12:30
 Re: Houvesse luar lá fora
A ausência pode realmente ser uma noite escura. Alguns versos estão muito bem conseguidos, parabéns!


Enviado por Tópico
juvepp
Publicado: 27/01/2008 18:21  Atualizado: 27/01/2008 18:21
Colaborador
Usuário desde: 13/04/2007
Localidade: Machico - Madeira
Mensagens: 547
 Re: Houvesse luar lá fora
Olá Mel,
Esperemos que um dia a "antiqua Nau Catrineta" nos traga alvíssaras, desse "luar" tão almejado e tão enobrecido descrito.
Beijinhos.