Já ouvi todos os sinos
Anunciando todas as dores
Já senti nos desatinos
A dor dos meus horrores
Já falei todas as palavras
Falei dos meus amores
De sonhos e amarras
De desejos e sabores.
Agora surdo
Os sinos, continuam a soar
Dentro de mim a entoar
Frias melodias
No gelo dos meus dias
Em que me ouço, sem falar
Agora mudo
Falo pelos olhos
Por lágrimas que gritam
Toda a dor que vai no peito
E que mata o meu ser.
Mas morro porque vejo
Porque consigo reter
No pensamento o teu jeito
Ainda consigo ver
O teu olhar que não me olha
A tua boca, que não beijo.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.