Animadamente estendi os braços para os céus acreditando em abstratas imagens desenhadas pela névoa e tentando tocá-las. Mãos abertas,dedos retesados como a segurar fortemente num arrimo invisível,talvez um cordão de luz que me erguesse até as estrelas,fazendo uma viagem por entre nuvens e anjos de asas brancas. Saudei assim a tarde que já se despedia do sol com suaves dourados adormecidos. Abracei o nada com desvairado desejo de abraçar diáfanas criaturas que não vemos, mas existem a nos vigiar. A esperança renasceu em mim, como sementes a germinar nas entranhas da terra. Ouso sonhar absurdos, sei de mim mágoas,incertezas e lágrimas, mas as afasto com determinação. Desejo apenas o bom sonho e não aceito mais derrotas,desvio da tristeza,faço renascer as forças de uma fera protegendo a prole. Deixo encravar as unhas no tronco de uma árvore adormecida,a energia da seiva percorre minha mão, ardendo-a como se espinhos a tivessem ferido. Suporto a dor, ela mostra a coragem e garra para enfrentar obstáculos e vencê-los. Desnudo a alma, desnudo o corpo, repousando na grama orvalhada. Abro os braços para o infinito, sou parte da natureza e adormeço com ela.
Neusa Marilda Mucci Poetisa do Amor, da Música, da Flor