Crónicas : 

Revoada das andorinhas

 
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“ Prefiro ver tainhas agrupadas no mar escuro antes que mostradores de quartzo liquido pululem na minha banheira.

Filampos Kanoziro



Saibam vocês, todos quantos este virem ou dele tomarem conhecimento, que me importo com a aparência fútil das coisas antes que se tornem vitimas inocentes de processo de decomposição. Uma ave do paraíso necessariamente não vai ser expulsa. Para mim, isso pode ser irremediavelmente bonito enquanto para você, pode ser apenas mais escuro. Em ambos os casos, tudo pode ser resolvido a toque de caixa, num tilintar de sinos sagrados de umbanda, troar de tambores tribais, essas coisas assim... Ou mesmo usando um bom gel anti rugas. Como o cantar do galo numa madrugada de inverno. Ou o martelar da araponga metaleira nos ombros do pirata. Eles se cuidam, vivem uma vida saudável com dieta rica em Omega três.
Agora, quando a alma é fraca, sempre se deve considerar, acima de tudo, o misterioso silêncio existente em cada parcela componente de um coração cheio de amor. Para que tudo isso possa ser realizado e dar certo, tem que respirar óleo bruto balbuciando cantochões gregorianos monótonos vestidos em impecáveis quanto indefectíveis robisões marrons. Casto assim como seus irmãos na fé, trabalhando a rocha-mãe, me lembrei de tudo que era feito com entusiasmo pelos alunos do claretiano, já desde a véspera, armados com pistolas de cabo de marfim. Pois como já disse o general Patton, madrepérola é coisa de cafetão, mas bastava pensar em parar de fumar que sentia cheiro de lavanda nas tomadas.
Lá, não era sempre certo supor que uma revoada de andorinhas tem o condão de predizer, além da ocorrência de um dia claro, também uma tarde feliz. E agora que renunciou à gloria e ao sonhos, pode ser que se sinta mais pesado que o ar, inflado de hélio e sem brilho, Deve deixar de assacar injúrias e calúnias contra as ovelhas desgarradas.
Mesmo agora pela madrugada, tenho que viver, respirar . Terminar a luta. Isso antes de morrer. No entanto, contento-me apenas em ficar parado na porta da estação e brincar de amarelinha com as pessoas. Perdidas entre espirais da fumaça de tabaco, as dobradiças não vão a lugar algum sem saírem da garagem. Sequer poderão curtir os cabos, tuneis e tubos da alta temporada em Paris. Sem falar em levantarem as asas ao vento ao som de harmoniosas harpas tangidas por esfuziantes serafins. Todos embriagados refestelados à sombra de uma jaqueira.



 
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FilamposKanoziro
 
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