Solto ao vento os pensamentos
da minh’alma, tais lamentos
que a memória guarda,
e o tempo deseja esquecer
nos outonos do meu viver
nesta vida já cansada.
Suspiro as noites tardias
acordado nas manhãs frias,
quero encontrar alegria
nos meus anseios sentidos,
algumas vezes perdidos,
que a minh’alma não queria.
Na alvorada do meu sentir
o meu coração quer partir
deste desespero sem fim,
faço da minha essência
vendaval de prudência,
que afaste a tristeza de mim.
E na noite enluarada
em caricia calada
da brisa, veio a acalmia,
que meu corpo esmorecido
tanto me tinha pedido
e há muito eu não sentia.
José Carlos Moutinho