Sopram assustadores, os ventos do leste,
Trazem soluços de dor calada
Na antevisão do apocalipse
Que paira sobre nós…
Recuemos no tempo,
Tempo bem recente, de triste memória
Reflictamos sobre a desumanidade
Que grassa numa frieza implacável!
Pensemos no leste gelado e cru
De onde o iceberg pode explodir
Em rochas de tristeza e sangue
e afundem esta Europa cansada
inapta e acomodada!
Olhemos o fanatismo que nos cerca
E que faz da vida humana,
Nada…
Por vaidade e poder
Em nome de uma religião
Que nega a violência e a morte!
Estamos perdidos neste mundo de Deus,
E aqui neste rectângulo
À beira mar plantado,
De sol cintilante e mar sereno
Sofremos a agrura da vida,
Que nos impôem em nome de uma nação…
Nação que nos abandona, à mingua
E oferece como alternativa
A eterna emigração de outros tempos…
De todos os tempos em que sempre assim foi
E continuará a ser…
Até que vozes gritem mais alto,
Acima das cabeças coroadas de coisa nenhuma
E façam das misérias que nos oferecem,
Armas de luta pela dignidade
Que nos roubam descaradamente!
Espero que no distanciamento
Entre mim e a eternidade,
As consciências se acalmem
E que neste mundo perdido e louco
Findem as mentes ditatoriais,
A paz seja uma realidade
E que a fome seja um sonho mau
que felizmente a realidade contradiz.
José Carlos Moutinho
4/9/14