Nem sei qual é a cor do meu fantasma
Nunca vejo quando ele pinta minha cor
Nas esquinas dos contrários mórbidos
Quando ventos e fantasias me alegram
Respiro os sonhos das covas coletivas
Rezo nos altares sem dores e sem santos
Me aqueço nas lenhas dos vales sagrados
Onde os anjos me atentam e me protegem
Mordendo meus sentimentos sem dentes
Durmo na claridade que atravessa a sala
Numa maneira clara de me fazer em você
E por inteiro me divido ao meio nesse ato
Mais parecendo um cão sentindo frio e dor
A vida é rara, a ida tem pressa dentro de mim
José Veríssimo