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Amor Argentino

 
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Amor Argentino

João era um sargento do corpo de bombeiros lotado na cidade do Rio de Janeiro, ele estava desiludido com o casamento, não estava nem interessado em fazer o que ele mais gostava, salvar as vidas das pessoas.
Nosso amigo passava horas na praia de Ipanema pensando na vida, refletindo sobre o final do seu casamento, onde se preocupava muito como iria ficar a filha dele, Jéssica, pois como todos nós sabemos, na separação, quem sofre mesmo são os filhos.
Num dia ensolarado desses, lá ia o bombeiro apagar sua tristeza na sua praia predileta, foi quando ele esbarrou com uma turista argentina de nome Isabel.
Parecia que foi planejado, a mulher enlouqueceu quando viu o porte do rapaz, deu logo o seu endereço onde estava hospedada, lá no Copacabana Palace.
Ele não ligou muito, mas quando voltava de mais um dia de trabalho, estava passando justamente na frente desse famoso hotel, resolvendo pois, fazer uma visita.
Essa calorosa visita esquentou, eles foram para o restaurante do local e botaram as suas mágoas para fora.
A mulher também era separada, tinha dois filhos adultos, era dona de uma joalheria muito famosa em Buenos Aires.
Como dois feridos, um ajudou a sarar a ferida do outro e em alguns meses nosso militar pediu licença sem vencimento da corporação e foi atrás da sua “gringa”.
O rapaz não era muito de luxo, o contrário de Isabel, mas as coisas iam se encaminhando, o pior para ele era quando ela dava aquelas enormes festas para a sociedade portenha, ele era obrigado a usar uma coisa que mais detestava: Terno e gravata.
Era a maior dificuldade para a estrangeira convencer o nosso amigo a vestir esse “negócio”, como ele gostava de falar.
As festas se multiplicavam em tudo quanto era lugar, mas para ele se esconder da sua vergonha e dificuldade de encarar isso, nosso personagem tomava tudo que ia pela frente e acabava por tirar aquela roupagem, igual aos outros, que entram na pompa do terno e gravata, mas quando o álcool pega na veia aquele rigor todo vai embora.
Tudo estava dando para aguentar, menos a saudade de sua filha Jéssica, que não estava muito bem nas finanças.
Ele refletiu e começou a ficar mais triste, pensando:
- Como vou ficar aqui no bem bom, com minha filha passando privações no Brasil?
Assim o nosso amigo resolveu pedir um dinheiro para sua nova esposa, que prontamente negou, disse que ela tinha que trabalhar, que dinheiro não é fácil que tinha conseguido subir na vida também com muita dificuldade.
João não contou conversa, ali mesmo num luxuoso hotel de Córdoba, ele saiu e disse que não voltaria, o rapaz saiu com a roupa do corpo e ganhou o mundo, sem dinheiro e com muita raiva.
Nosso amigo saiu andando, andando, chegando a um porto onde tinha um grande navio mercante indo para o Brasil.
Ele conversou com alguns tripulantes, contando o problema dele, os marinheiros tiveram pena e esconderam o nosso amigo entre as mercadorias.
No meio da viagem o capitão soube que tinha um clandestino e mandou chama-lo, o homem pediu por tudo para que não o deixassem no caminho, prometendo cuidar da cozinha e da faxina, sendo convencido pelo chefe da nave.
João fazia de tudo lá, até cantar, dançar e contar piadas, foi uma algazarra com aquele brasileiro, até que conseguiu voltar à cidade maravilhosa.
Lá ele reencontrou a filha e voltou à sua vida de apagar fogo e passear em Ipanema, mas a argentina não se fez de rogada, foi atrás do brasileiro dela, contudo o homem disse que não queria mais voltar para lá, que poderia até acontecer algo entre eles, mas em solo carioca, ela ainda continuou o romance por alguns dias, mas resolveu voltar para a sua terra natal e nunca mais se viram.

Marcelo de Oliveira Souza


Marcelo de Oliveira Souza,IwA
Dr. Honoris Causa em Literatura
site: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net - Concurso Literário
blog: http://marceloescritor2.blogspot.com
Instagram: @marceloescritor2


 
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marcelooso
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/09/2014 12:59  Atualizado: 03/09/2014 13:40
 Re: Amor Argentino
Sem querer parecer crítico, seu conto me parece algo real e a narrativa é interessante, mas o final poderia trazer alguma surpresa sem fugir da característica do cotidiano. O pessoal aqui parece preferir os poemas aos contos. Sou originariamente contista e percebo que o interesse da maioria concentra-se nos poemas. Sua maneira de narrar é concisa, fluída e prende a atenção.
sds.