Fumo.
Caio na cama e rebolo.
Fumo.
Caio na cama e durmo.
Não me consolo.
Não me conformo com palavras mascaradas,
Nem com o som do teu sorriso.
Não me consolo com bebidas açucaradas
Ou com a ideia do que preciso.
Não escrevo com juízo.
Não escrevo com consciência.
Não escrevo nem sei o que escrevo.
Não me atrevo
A te deixar ficar
Nem a não querer que vás.
Os teus pés são de cabra,
O teu riso é fugaz.
Tens droga na ponta da língua.
Saltas-me à boca
Sem eu querer que me sejas saliva,
Forças-me os dedos,
Drogas-me e esperas que viva.
Não me vicias.
Fascina-me a tua antiguidade,
As cicatrizes da tua hipocrisia.
Admito, gosto da tua droga
Mas não me vicia.
Rebola,
Enrola e
Acalca.
Não há maneiras de emendar
Uma mente que deseja não ser mente,
Um corpo que nâo quer ter corpo
Ou uma ideia que adora ser só uma ideia.
Corre-te na veia.
A frustração,
A utopia,
A inconsciência,
A droga que vicia.
Não te quero,
Nem te desejo, confesso;
Mas corre-me agora na artéria
A ideia que só quer ser ideia.
Já rebolada,
Já enrolada,
Já fumada.
Obrigada.
Lau'Ra