Nada de novo. Senão esta incómoda cefaleia que se arrasta desde a tarde. Fecharia os olhos e, elevaria a mente, se esta não estivesse tão sobrecarregada.
Imagino como seria bom se o pensamento tivesse um botão que o desligasse. Mas não, não tem! E, hoje, o pensamento pouco ajuda, ou nada!
Uma manhã rotineira, com uma tarde agitada e uma noite demasiado tranquila, torna-se fatigante demais para a minha inconstância. Nem quero imaginar os dias que se seguem, passivos, inquietos e longos. Temo me afogar em tão grande enfado.
Faz-se tarde. Estou corroída pelo cansaço e o tédio pelas minhas próprias palavras. Sinto vergonha delas, da sua trivialidade intacta. Sinto vergonha das minhas mãos inaptas, da minha credulidade incrédula, dos meus pés moídos com tanto caminho ainda pela frente. Tenho vergonha da minha voz trémula de tom miúdo, vergonha do que fui, do que sou que me coíbe de vir a ser. Tenho vergonha, não da minha imperfeição, isso é o que menos importância tem, de já tão banal que é. Tenho vergonha de mim.
As pálpebras pesadas vão ganhando terreno ocular. Não vale a pena resistir e combater a indolência. Vou dormir.