Já não encontro palavras, palavras como as tuas –
Tão doces, tão leais, aparentemente imbecis –
Aquelas que me falavas, aquelas seminuas...
Já não encontro as palavras que me dizias;
Recordo amargamente, que estupidamente as desfiz,
Mutilando, irreflectidamente, a atenção que me pedias.
Já não restam verbos gentis,
Conjugados numa atmosfera leve e aromática…
De mansinho a memória me diz
Palavras gastas de emotiva temática.
Já não encontro doçura nos adjectivos;
Agora compreendo a sua inutilidade:
Apenas servem para dissimular,
Esconder o nada no miolo dos substantivos!
Já não restam palavras, apenas atrocidade
Suprimindo a língua em saliva, impedindo-a de falar.
Assim lhes chamarei: atrocidade,
Atrocidade com vontade de se pronunciar!
Já não encontro palavras doces,
Aquelas que definiam o que eras
E o que eu acreditava que fosses.
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