Esta história começa na claridade branca de um dia cinzento sobre os trilhos na estrada de ferro. As almas dos mortos estão à porta, o tempo está lentamente passando no jardim. Em algum lugar não muito distante, um ruído quase inaudível no vertedouro da barragem flutuando no pó. Completando a montagem, o sol está inundado de lama observando triste a vida das árvores nos encostas das montanhas.
A neve está nua na esplanada; com o frescor do aljôfar emanado das folhas das árvores, ela não deve aspirar a nada, apenas respirar para mergulhar em sono profundo com todos os peixes. Pessoas, as há nas ruas quando deveriam estar nas casas ou lendo um bom livro num ambiente familiar.
Quando cai mais uma noite, a certeza de que mais um dia passou sem deixar vestígios da dor. Falando da dor, no silêncio, a mulher na janela espalma a mão pálida dedilhando a tábua da mesa.
Talvez haja suspeitas de ser este mundo insuportável, vez que nele desponta a fraqueza com que o entardecer espanta da tempestade solar o brilho sobrenatural de tantos e tantos invernos fatais. Grandes incêndios queimam pedestres até desaparecerem, querendo de algum modo poder voar para a escuridão, saindo do cativeiro silente e frio. Em busca talvez de mais um sonho extraído da nevasca da madrugada espargindo raios dourados da tão sonhada vitória que virá.
Tudo estava silencioso, todos cansados, todos à espera. Apenas um pássaro azul gorjeia suspiros canoros em torno dos ramos amarelos. O nevoeiro afoga a voz no som da água, congela as almas que estão descansando, se esquece de si mesmo.
Além de tudo isso, sob o clarão da noite branca de outono, não vejo mais nada aqui. É em agonia volto célere para o coração na natureza e não quero julgar ninguém.