Se a ti conscientemente impeço
De realizares tuas quimeras;
Assim também, consciente ingresso
Ao incômodo rol das bestas-feras.
Se do fruto que colher queres tanto
De fato não posso ser a semente,
Não é justo que eu me sirva, portanto,
Para meu doce deleite, somente.
Se pudesse não sofrer; _ Quem me dera!
Se me perdesse em profundo sono;
Remediado estaria esse inferno.
Vá, então, no auge da primavera;
Que eu fico aqui em meu outono,
Pois não mereces, da vida, esse inverno.
Frederico Salvo