adjetivo é uma desgraça

E o que tem a dizer quem escreve um texto assim? O que acrescenta? Onde está a riqueza literária? Onde está a arte do bom escrever? É um texto também de quem não tem nada para dizer, não tem imaginação e nem talento para tal. Tsc, tsc, tsck. Lixo de primeiro grau.

Eu,mero escrevinhador e novato neste site
pretendo neste meu comentário não opinar
nem comentar (no sentido da palavra) mas
apenas e tão só entender e se possível até
aprender.
A lista de adjectivos é enorme; Adjectivos que modificam
o sujeito que exponenciam, que qualificam, por exemplo
o estado do tempo, de espirito, etc. e etc.
Torna-se muito complicado, por exemplo em poemas infantis
em poemas de intenso sentimento como a saudade em que a tristeza
impera. Pode ser que tenha razão, não sei. Mas Pablo Neruda utiliza
Florbela Espanca idem,...
Não será um exagero forçar o não uso de adjectivos?
A língua, que é tão rica, não perde se a poesia deixasse de ter
adjectivos? OU o senhor refere-se aos adjectivos mais comuns?
é sempre interessante a opinião dos mais experientes e estou certo
elucidará melhor. Agradeço por antecipação.
Manuel Fernandes

adjetivos são particularmente terríveis em haikais. o poema já é curto por natureza e o cara vai lá e enche de adjetivos que não dizem absolutamente nada, tipo:



manhã gloriosa!
sol brilhante sobre a rosa
total esplendor!



2 versos no início e fim completamente inúteis que não descrevem nada. haikai é fotografia em palavras e o cara nesses 2 versos faz o equivalente a um selfie com close no nariz ao invés de mostrar a paisagem...

e o que mais tem em haikai é essa tosqueira trivial... é revoltante

Por isso que só escrevi um haikai na vida e nunca mais...foda-se os adjetivos, adverbios, métricas, que vá tudo para o diabo que os carregue.

Então chegamos "nos finalmente" após tantas conclusões. Uma desgraça não é o adjetivo. E a desgraça do site, que disse que estava "livre do Luso", que fora os amigos dessa desgraça, todo o resto poderia ir para todo mundo sabe para onde? Queria ter copiado aquela carta aberta no Fórum. Esse post deveria estar lá no Fórum ainda para que todos pudessem ler. Mas a administração foi lá e retirou o texto. Desafio ao Camarada a postá-lo aqui, na sua página, novamente para que todos nós possamos relê-lo, duas caras, sem palavras. Desafio lançado,Camarada. Passar muito, muito mal!

eu penso que não só no adjetivo como tudo o que está a mais no poema, quando escrevo leio e corto tudo o que não é necessário para a ideia. adjectivos só o essencial; mas há um que eu particularmente evito, a palavra lindo/a; mas tudo é questão de gosto e daquilo que se quer dizer; há palavras que se impõem, outras que estão melhor se subentendidas.
gostei da ideia aqui em debate; houve uma altura em que me apercebi de que evitar as palavras e fazê-las antes subentendidas torna a escrita mais aliciante; e isto é algo que se vai aprendendo lendo e escrevendo.

particularmente falando, eu não indico este ou aquele parâmetro de palavras(como por exemplo, o adjetivo) para causa principal de um texto ou poema, referido. talvez por conta da liberdade que tenho e gosto de usar em variadas formas de escrever(das minhas tentativas de), qualquer posição de palavra é essencial, ou seja; é válida. quando critica o excesso de adjetivos, há de se ter porém, uma outra margem de aproveitamento do texto. da idéia nele contida. embora eu concorde também, que dá ao texto/poema uma maneira meio-simplista, vezes até maior de o ser, o adjetivo pode indicar um pormenor de aceitação a quem lê o tal trabalho. o que falta mesmo, é a qualidade geral do texto. o início, o meio e o fim. às vezes, se lê algo que é a mesma coisa nos três tempos que eu citei. às vezes, nada há por lá.. o autor, na minha opinião, deve se antepor em qualquer situação de risco ao que produz para não cair na dita "mesmice" ou à uma contradição de arte provocada. mas daí induzir ao erro somente por conta de haver excessivos adjetivos num determinado texto, é, no mínimo, contraditório e errado. afinal, um texto cheio de adjetivos, porém bem formatados, pode levá-lo acima de outros quais.
e eu posso trazer um exemplo do que falei no poema da Amora. uma obra-prima do luso-poemas atual. cheio de adjetivos e ademais os que lhe competem.
é melhor ler um pouco mais..


na íntegra,





Fio de Ariadne

Olha-me, sob o branco do linho,
a febre mansa e oleaginosa
devorando a carne que anseias.
Pensa-me vespertina sombra,
guia e água nos teus labirintos,
fio de Ariadne.
Dá-me teu verbo delével,
poemas sicilianos,
constelações,
coroas d'ouro,
terrenos bravios.
Canta-me o caos,
átrio e nevoeiro,
portais cor de sangue
que se estendem
mar adentro
a cada sucessão
do anoitecer.

Olha-me, sob o branco do linho,
a febre mansa e oleaginosa.


Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=277547#ixzz3BqBB5sjw

Eu como gosto de poesia carregada de adjetivação discordo do seu ponto de vista Caio mas é apenas uma mera minha opinião e como os gostos não se discutem, respeitam-se...

bj

Caio, tudo em excesso pode ser uma desgraça. mas um poema pode ter vários adjectivos e ser de qualidade. lembro-me de Cruz e Sousa, um excelente sonetista, que usava imensos adjectivos. por exemplo no soneto que se segue:


Lésbia

Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.

Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passe, lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...

Lésbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os ópios de um luar tuberculoso...


mas compreendo que tens aversão aos ditos cujos, e respeito. eu sou um desses que faz uso deles quando necessário. um abraço.

Caio opina
Gyl discorda
Roque elimina
Umav(quase) concorda
Caio dá a volta
Odair mostra revolta

(A cabra da discordia anda à solta)

azke exemplifica n’amora
Saraabreu adora
aqua trouxe cruz e sousa
Eu, “caio fora”
sabendo a mesma coisa!

todos têem razão
com a sua opinião
a quem o obrigado?
A mim, quase calado!

Valeu! :)

alexandre o'neill / o adjectivo


O adjectivo? Que horror
quando não é incisivo
quando atira para o vago
o pobre substantivo
ou o circunda de um halo
de um falso resplendor,
em que o ouro utilizado
não é ouro é só dourado!


O sol assim captado
é sol, mas sol de teatro,
ouro em falsete, luz barata,
e no prego não dá nada,


que o prego não acredita
(senão já estava falido)
nesse ouro sem quilate
que usam a valdevina

e o poeta que se orna
(que orneia, melhor diria)
de luzidias mentiras,
de poética poesia.

Disse pouco do que queria
na parte que antecede.
Se é discursiva, a poesia
também não serve...

Voltando ao adjectivo
(nada tenho contra ele):
é melhor ficar despido,
cosido co'a própria pele,

do que pedir emprestada
a piedosos enchumaços
aquela largura de ombros
que nos faz ginasticados,

quando, em verdade, não temos
mais ginástica do que essa
em que somos atletas
e que se resume apenas

no aguentar alegre
do peso quotidiano
(pode ser que para o ano
a terra nos seja leve).

Tal como do mal o menos
- e nesta regra redijo-
antes quero sóbrios termos
do que fingir que sou rico...



alexandre o'neill
abandono vigiado
1960