Vislumbro no mar salgado de Fernando Pessoa
O voo solitário e acrobático da sensível gaivota,
Meu pensamento é canteiro de imensa horta
Onde cultivo perspectivas que o tempo destoa...
Singro ondas senis dum olfato assaz augusto,
Salpico em mim gotas do orvalho das procelas,
Elevo as mãos às nuvens que correm paralelas
E delas retiro átomos enfeitiçando meu discurso.
Seduzo a natureza tecendo ladainhas aos ventos
E no coro angelical que suntuosamente contemplo
As gaivotas sibilam sublimes cânticos ao mar...
Conluio divino que de mim cerceia iniquidades,
Então volito às águas preces e prosperidades
Que me fazem adormecer ungido e devagar...