Poemas : 

ALENTEJO

 
António Casado__________ 14 Setembro 2007
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________


ALENTEJO
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Campos verdes que procurais uma definição Pátria
Para a beleza que exalais
Que a vida geminada de vós
Exalte a grandeza desse imenso sonho colectivo
De dividir o trigo pela enxada!

Nas searas verdejantes
Nos montes batidos pelo sol
Da terra constante e vermelha
Como se o caudal da distância
Se derramasse em sangue pelo vosso povo
Ergue-se o grito mudo
Como sinónimo da vida que rebenta em cada ramo
Hino de terra remexida
Alardeando a longevidade do Alentejo.

Aqui
A copa das árvores brinca com as nuvens
As urzes derramam em sombras o deleite
No desaguar perpétuo das espigas maduras

Oh terra!
Abri-vos ao apelo lançado pelas formosas cegonhas
Que planam pelo mais profundo da consciência!
Recordai neste sonolento passar do tempo
A pressa das sementes geradas no pão moído
Nos ancestrais moinhos de vento!
Que estes arrozais acordem
Para que numa opereta de Sado
Guadiana Mira e Atlântico
Ressurjam do mar os guardiões rochedos
Que colonizam a Vicentina costa!
Que os estranhos corcéis do passado
Trespassem com a mesma espada de sangue
A seiva brotada destes pinheiros mansos!

Acordai caótica árida beleza!
A melodia que se liberta dos grãos de areia
São hossanas
Na voz dos homens e mulheres que te bradam
Num conjunto total sonhador e profético!
Acordai oh vento cearense profano e cálido!
Conta as aventuras dos teus filhos em luta
Pelas pedras húmidas das ribeiras claras!

Levanta-te da laje fria Catarina!
Traz no regaço um filho e uma foice
No arado guerrilheiro
No grito de justiça
Na rendição serena das oliveiras negras!
Que Aljustrel produza
Gomas de encanto e fortuna
Com que amamente de sonhos
O suor toupeira dos seus homens!

Cantem os sobreiros a dança da chuva
Na aridez ainda desértica do próprio grito
Que se ergue na gravidez solidária da terra!

Para quando a promessa de um acto de coragem
Que faça rejuvenescer na alma a certeza
Dos costumes de cortiça desta gente?

 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/08/2014 08:16  Atualizado: 28/08/2014 08:16
 Re: ALENTEJO
o poema tem alma alentejana. parabéns, António.


Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 30/08/2014 18:15  Atualizado: 30/08/2014 18:15
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Usuário desde: 10/10/2012
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 Re: ALENTEJO P/acasado
Um brado que é um verdadeiro hino ao nosso Alentejo, de uma beleza calmosa e ao mesmo tempo de uma serenidade impar. Admirável poema. Vólena