Dona Carochinha estava cansada de ficar horas contando suas fábulas e historinhas apenas para seu gato Ferdinando.
Resolveu dar uma volta pelo quarteirão do seu bairro, para arrumar novas inspirações.
As crianças de hoje não são como as de ontem, ela refletiu...
Em certo momento dessa breve caminhada, pensou ao passar pelas calçadas:
" Ah, que saudades dos tempos que andava de triciclo por aqui o meu netinho... Certa vez, fugi de um cachorrinho da vizinhança, pois queria meus novelos de lã colorida. Ele quem me deu carona.
Foi bem rápido e forte o Rodriguinho, pois eu, ainda pesava na parte de trás do triciclo!
Os vizinhos ficaram boquiabertos com a cena..."
Emília, a sua pretensa namoradinha, observava tudo, acenando do outro lado da rua.
Estava pensando sozinha:
" Como é robusto, meu Rodriguinho! Aguentar o peso da avó e ainda colocar força para correr no pequeno velocípede!" Ai, ai, só ele, ninguém, mais... "
Adrenalina!
Era essa a resposta para tal façanha.
D.Carochinha tinha essa nostalgia ao relembrar tais momentos do passado.
Agora Rodriguinho e Emília formavam um casal. Em pouco tempo teriam um bebê...
"Ah, como estou ficando mais velha a cada ano!
Serei bisavó! Ainda teimando em contar histórias que o mundo não quer mais saber. "
Tecnologia demais fez isso:
As crianças de hoje, com seus tablets e celulares nas mãos, não ligam muito para os contos da Dona Carochinha.
Uma pena!
O encanto de contar e ter quem escutar, é melhor do que um simples toque na tela fria...
Fátima Abreu