António Casado__________ 31 Outubro 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________
MÃO ESTENDIDA
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Como as folhas caducas
Se arremessam ao chão
No Outono
Cansadas de tantas lutas
Tanta agrura
Assim sou eu
Ainda combalido com o mundo
Que respira
Para usurpar o que é meu.
O que tenho é tão pouco…
Um naco de sol que me ilumina
Um pedaço de ar que respiro
Uma onda
Que por qualquer razão
Me fascina…
Delírio
Que antes de ser sonho
Foi paixão!
Fragmentos do coração…
Livros esquecidos no estendal do tempo
Pequenas histórias de que sou autor
Cordilheiras de ilusões…
Enormes pergaminhos de desilusões
Coleccionados ao momento
Troncos de árvores quebrados
Vazios e obsoletos
Cadernos de apontamentos triturados
Pelos fantasmas do meu tempo.
Se houveram jardins
Cujo perfume não senti
De tão inacessíveis
O estio a erva secou
As flores murcharam…
Se houveram lagos
Cujo azul nunca vi
Marginaram linhas de ilusão
Num delírio sem palavras
Que um dia
Por ignara sapiência
Escrevi.
Se olho para uma pedra
E a chamo de minha
- Só porque ninguém a chama de sua
Fico contente.
Nessa pueril alegria
Crio versos
Dou asas à fantasia
Corro pulo grito como louco
Pela rua…
De meu
Tudo o que a imaginação me pode dar:
Uma folha de malmequer
Uma pena da ave que nunca soube voar
O cume da montanha que eu quiser
Tudo o que o olhar abrange
Tudo o que o coração oferecer
Tertúlia de riquezas expostas numa esfinge
Que ninguém pode ver.
Todo o pão que desejo repartido
Pelas bocas que gemem a fome
Apodrece-me no ventre
Em agonia!
Todas as lutas que travei
Todas as sepulturas que cavei
Têm gravado o meu nome
Em lápides de ironia!
Porque me querem tirar o mundo
Se ele próprio não me quer?
Passo por ele –
Que ele nunca passa por mim –
Como um órfão plangente
Que busca refúgio num jardim…
Se por acaso estendo a mão
Para colher uma flor
Logo ele
Apreensivo
Arrogante
Me intimida:
- Então?! Queres o jardim?