Mulheres de poucas palavras
Todas alas, palavras, alas
Um tigre me espera na esquina
Espanta a palavra e leva a menina
Dou ouvido a tudo que falam
Nem empresto minhas palavras
Todas alas, palavras, alas
Tenho pouco ouvido e pouco sentido
Quando fujo do meu destino
Escolho estradas erradas
E me esbarro nele, que também foge de mim
Nem meu destino me quer, sem palavras, alas
Das pessoas sérias espero poucas idéias
Das pessoas más não espero conselhos
Com os bobos aprendo a lição
E com as idéias aprendo com todos
Nas poucas certezas encontro o caminho
Aprendo construir pontes e menos muros
Sou nuvem de poucas palavras, todas alas
Busco na amizade o que os amores não têm
Pra dizer a verdade só digo que é,
Nada mais, nenhuma palavra, palavra, ala
E elas vêm e voltam, palavras, só fico com elas que ficam,
Caminhar é de graça, envelhecer é de graça, palavras, alas.
José Veríssimo