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FORMADOR DE OPINIÃO (crônica de reflexão)

 
FORMADOR DE OPINIÃO (crônica de reflexão)
 


Vulgo é um vocábulo ambíguo, pode significar o que é pífio, reles quando se quer adjetivar algo ou alguém de uma forma não muito positiva! Também pode significar povo, plebe; quando se refere ao comum dos homens. Os dois significados da palavra vulgar não são contíguos, ou seja, não participam da mesma finalidade, pois se um tem valor pejorativo, depreciativo, o outro não participa, em nenhum contexto, desse significado. Usarei a ambos nesta crônica para expor meus objetivos, que é falar de como se forma uma opinião popular e de como ela se enraíza, se expande, como passa a fazer parte do senso comum, às vezes, divulgando conhecimento cheio de falsas verdades e implantado no seio da população preconceito e discriminação.
A par disso, prossigo dizendo que o vulgo, aqui designando o povo, a plebe que são os legítimos formadores da Sabedoria Popular, sabedoria esta de valor incontestável e que ocupa destacado lugar no conhecimento da humanidade; também, às vezes, são formadores de ditados, provérbios que se perpetuam e cujo significado é falso e inconsistente, só servindo mesmo para perpetuar os conhecimentos do senso comum, sem nenhum embasamento lógico, coerente e, além do mais, cujo mau gosto não só fere a língua quando no uso de provérbios para embasar algum diálogo, alguma opinião; nesse caso, de tão sem lógica, que chega a ir contra qualquer entendimento razoável, cora-nos o rosto, pois chega a ser vergonhoso. O pior é quando se usa tais adágios populares para defender alguma teoria cuja falsa verdade é tão evidente que deixa pasmo o pensador de qualquer tempo e lugar. Vou exemplificar o que digo com um desses ditados de tão mau gosto que nunca deveria ter sido usado, que carreia o pior dos conhecimentos do senso comum; só se justifica seu uso quando quer expressar ironia, humor ou outra situação do gênero. Vamos ao famigerado ditado: o homem para se realizar neste mundo tem de ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Para o vulgo responsável pela criação dessa “joia proverbial” cabe o primeiro significado da palavra vulgo supracitado pois tal adágio trás o contágio da pior teoria, do pior plágio de qualquer verdade que se queira defender, porque simplifica a Vida em três atos que por si sós não reconhecem a gloriosa destinação do homem na Terra, comprovada pelo seu enorme progresso nas ciências, nas artes,... Em uma primeira leitura possível do referido prolóquio, eis o que se apura: ter um filho: como qualquer animal, um simples reprodutor! Que há de excepcional nisso? A não ser a tentativa de nivelar o homem a qualquer animal silvestre; quando para o homem, ser pai é uma benção que ele encara não como qualquer animal reprodutor, mas como educador, como uma missão que lhe acarreta mil responsabilidades pelo resto da vida na formação de seu rebento; e se levar em conta os milhares de homens que não podem ter filhos, como é o meu caso, como ficamos diante de tal teoria? Agora já começamos a perceber até uma desumanidade no usa de semelhante provérbio. Vamos para o segundo passo: plantar uma árvore. O que se tem de maravilhoso nisso para figurar como uma das grandes realizações humanas? Certo, que é sempre importante plantar uma árvore para ajudar no reflorestamento do planeta que vem sendo tão judiado nesse sentido; mas os bilhões de seres humanos que nunca farão isso, pelos mais variados motivos e o principal deles é não terem um palmo de terra para poder plantar uma árvore, como é o caso de quem mora em apartamentos. E de que adianta plantar uma árvore se não se é responsável em outras situações pela preservação do meio ambiente, como, por exemplo, não jogar lixo na rua, não fazer queimada, no consumo responsável de água, etc. Muito bem, isso reforça a inconsistência da frívola teoria. Vamos para o terceiro é último ato: escrever um livro. Quantos bilhões de seres humanos não escreverão um livro e, nem por isso, são menos maravilhosos que quem escreveu; e, de que adianta escrever um livro, se não for um livro que contribua com algo bom ou útil para a humanidade? De que adianta escrever um livro se isso não o tornar um ser humano melhor? Se isso é um ato de só orgulho e vaidade humana? Acho que está provada a tamanha estupidez desse provérbio. Levou-me a escrever essa crítica a má impressão que sempre me causou esse prolóquio toda vez que eu me deparava com ele, seja ouvindo ou lendo; não sei se é pelo fato de eu, no início me sentir fracassado diante dele por falhar em um de seus princípios, o de não poder ser pai.
Vou encerrar esta crônica de uma forma meio poética dizendo que: o homem ou a mulher estão na vida para dar à vida o melhor de si em tudo que puder e aproveitar da vida tudo do melhor que a vida der; ou sofrer as dores da vida, quando a vida quiser. Sinceramente, fica a conclusão de que nem sempre os conhecimentos do senso comum devem ser levados a sério, só servindo mesmo para contexto de humor. Acho que o objetivo máximo do ser humano na Terra é se tornar cada dia melhor, evoluir, progredir rumo à eternidade para qual Deus nos criou.


Manoel De almeida

 
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ManoelDeAlmeida
 
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