Poemas : 

QUEM SERÁ

 
António Casado__________ 17 Agosto 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________


QUEM SERÁ
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Quando sonho
Uma brilhante estrela candente
Povoa-me os sentidos
Com imagens de paraísos distantes
Onde
À proa de uma nuvem
Alguém me convida
Com um meigo sorriso nos lábios
Sensuais
Um olhar tranquilo
Na transparência das retinas
Um braço estendido
Como um apelo aos sentidos
Uma mão aberta
À espera da minha mão insegura
Um afago
Um abraço
Um beijo

Se soubesse
Que pedras pisam os teus pés descalços
Que sombras delineiam na calçada
Que silhueta transparece na luz
Como um ténue fio de esplendor
Num gesto mágico
Correria como um louco
Para te ver
Para te abraçar
Para te ter
Para te amar

Pergunto ao vazio do coração
Onde está o olhar
Que me retrata
O sorriso
Que me fulmina num clarão
Intenso e total
Os dedos
Que experimento sobre a derme
Em forma de ventania ou tufão
Que tenho em mim
Sem saber quem é

Tenho-te suspenso na carne
Como uma veia
Um sopro
Uma fantasia
Liberta pelos poros dum sono
Transpirado
Enovelada num desejo
Envolvente

Soubesse onde estás
Encurtaria todas as distâncias
Correria de braços abertos
Gritaria com a voz dos pássaros
O teu nome
Todos os nomes que desconheço
Com a esperança desfraldada
Na minha necessidade de ternura

Oh paixão que eu não tenho
Porque gravas a ferros na minha voz a essência
Das longas noites de solidão
Porque escreves na ansiedade dos músculos
A urgência
De te adorar como um deus
De te ver como uma estrela
De te sonhar
De te ter

Diz-me
Da opacidade da noite
Onde o nevoeiro dos sonhos te guarda
Que caminho de cristais e nenúfares devo seguir
Acalenta neste peito sangrado
Uma promessa escrita na areia
Com a pena de uma gaivota
Faz-me rir
Deixa-me brincar
Quero ser de novo aquele menino
Que acreditava que a felicidade
Escrevia poemas de amor
Nas salas de aula da sua puberdade

Porque não vens
Se me esventro ao perfume da tua pele
Se me recolho no calor do teu corpo
Se gemo este prazer delapidado
À sensualidade leviana
Do teu toque
Do teu sopro
Do teu sussurro

Ai
Que profunda saudade
Do amor que não tive

Sempre foi um sonho
Um sonho

Por favor
Deixem-me dormir eternamente
Quem sabe
Aquele que me protege e anima
Por dentro de todos os infinitos
Aquele que me compreende
Por dentro de todos os anseios
Não virá a mim
Com uma rosa vermelha
Entre os lábios
- Apenas uma rosa vermelha! –
Não incendiará este fogo ancestral
Que sufoca
Que queima
Para me dizer – olá
Simplesmente – olá

Deixem-me dormir
Sonhar esse sonho complacente
Realizar essa obcecada premonição
Que pressagia
Que algures
Num tempo qualquer
Junto daquele que virá
Mesmo sem saber quem é
Serei feliz


Escrito no bar gay “Heaven”

 
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acasado
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