¹Gregório de Matos: padre, poeta acirrado crítico dos costumes de sua época, no Brasil.
²Luís Vaz de Camões: escritor ,poeta do Classissismo português; autor de Os Lusíadas.
3Mário de Andrade, Osvald de Andrade e Manuel Bandeira: expoentes do Modernismo.
(crônica de análise crítica)
Usando as belas figuras de estilística que são riquezas da língua, essa conquista máxima da Humanidade, todo aquele que trabalha com a produção de textos, com destaque para o poeta e os escritores de textos literários em geral, eles nunca estarão à míngua de recursos que lhes possibilitem concretizar a humana sensibilidade, qual seja: sentimentos, pensamentos e emoções que constituem o mundo abstrato da realidade humana! “O homem é um ser simbólico.” Os símbolos representam a história gloriosa da espécie humana. Graças a sua habilidade em criar símbolos para representar, para traduzir, para reproduzir as coisas do mundo concreto e, principalmente, o que está no seu mundo psíquico, o ser humano sobrepujou as demais espécies.
A linguagem, na sua essência é símbolo! Símbolo verbal criação fundamental para a interação do homem com o mundo que o cerca! De todos os recursos da estilística, a metáfora se destaca pela sua importância na construção de textos literários ou, em menor ocorrência, nos textos de linguagem formal. A metáfora é uma figura que consiste em empregar uma palavra fora de seu sentido normal, indicando uma semelhança entre os termos comparados ou substituídos. Todos os escritores famosos ou não, de todas as escolas literárias, não abriram mão do uso da metáfora! Aqui no Brasil a começar pelo Barroco conceptista ou cultista que abusavam da metáfora engenhosa, empolada! Também conhecido por sua fria ironia, Gregório de Matos usava a língua como arma contra a hipocrisia de sua época. Gregório foi o representante máximo do estilo de uma época em que a alma se debatia em crise existencial. No Arcadismo, a metáfora expressa o bucolismo, o poeta e sua musa,... O poeta com capa de romântico pastor de ovelhas adota um pseudônimo e canta à sua deusa com metáforas elegantes, como se fosse um anônimo! Usando versos com antíteses e paradoxos à moda de Camões, mestre que o poeta do arcadismo usa como guia e modelo! A metáfora foi por tais poetas usada com sabedoria, emocionando o leitor! No Romantismo a metáfora é usada com sua força expressiva, criando imagem real e viva dos anseios de uma época em que a visão subjetiva suplanta a coletiva! O poeta canta o nacionalismo, o individualismo, negando o velho formalismo! Canta, o poeta do romantismo, a sua musa: semideusa – vaga e intocável, em versos, às vezes, ininteligíveis! No Parnasianismo, escola do formalismo, a metáfora é o mistério do Parnaso! Era seca de lágrimas, o poeta não chorava, mas não escondia o que dizia – se dizia! No Simbolismo a metáfora é recurso precioso ao poeta. Os versos sonoros concretizam a loucura do inconsciente da humana e conflituosa mente e a metáfora caía como luva para expressar a abstração do inconsciente humano. A musicalidade das rimas concretiza a emoção ou mostra a intenção...! No Modernismo, a metáfora encontrou chão fértil: criatividade e liberdade, rebeldia e ousadia... As artes tudo podiam! O novo e o velho debatiam! Os mestres da nova Era os Andrade e Bandeira no uso da metáfora eram exímios !
E na Contemporaneidade, qual a finalidade da metáfora? Que estilo perdura? O poeta usa da Estilística para agradar a catedráticos da literatura ou para criar uma arte legítima, autêntica? Ou o poeta atual usa metáfora pelo gosto de seguir tendência, de serem iguais a poetas de escolas literárias do passado? A metáfora é uma capa escura sem sentido? Penso que sim, que essa é a atual má tendência! Parece-me que o escritor, o poeta usa a metáfora primeiro como meio de se mostrar erudito, depois, como um desafio, um quebra-cabeça para o leitor. Sem considerarem que isso faz cada dia menos leitor apreciador de poesia, que passa a achar tudo muito maçante e cansativo e sem significado.
Manoel De almeida