Não jogarei os versos aos ventos.
Nem serei eu o teu pior inimigo
Também não serei o passatempo
Que consideras o teu preferido.
Deixarei-te com o teu umbigo.
Juro-te não arrancar-te o nariz.
Continue assim. Será mais feliz.
Tua felicidade não mora comigo.
Fique por aí, delirando sozinho,
Buscando Xangri-lá ou a Utopia,
Ladrando e lutando com moinho.
Porém não faça isso com a poesia.
Fique, cão, mordendo o teu rabo,
Rodopiando em volta de si mesmo
O dia que chegar defronte ao espelho
Vais ver o tanto que és tonto e otário.
Continue desperdiçando com picuinhas
O precioso tempo que vai te consumindo
Levando tua vidinha fodidinha de galinha
Tomando todo santo dia no meio daquilo.
Continue assim, sendo Picasso falso,
O fracasso no fabuloso sonho da vida
Tua língua, tua íngua e o teu cadafalso
A saliva que não curará tua chaga e ferida.
Continue assim: Pobre de ma-ré-de-si.
Mas pobre, muito mais pobre de espírito
Pessoa falando do Pessoa se ferram por si
Cabeça de louva-deus ou de bicho-palito.
E, no mais, procure outro grosso pau
Para trepar que o meu não é puleiro.
Não é vero que eu seja assim tão mau
Mas de galinha está cheio o meu puteiro.
Gyl Ferrys