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Sofia e a soprano durante o canto dos hebreus

 
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Os relâmpagos estão mais claros e os raios cada vez mais perto. Ou pior que isso. Os outros caras não se arrependeram, mesmo após todos aqueles momentos de reflexão. A voz de Sofia soava firme, mesmo considerando estarem fracas as pinhas alcalinas do aparelho de surdez da tia avó.

Apenas uma vez, numa viagem à Groenlândia o mérito não fora dela. Na Austrália não fora diferente, mesmo que os romanos ainda insistissem em se precipitarem da Tarpéia refrescados pela aragem do Capitolino. Mas, não podia ser verdade extraída do fundo do abismo, nem mentira superficial, que estivesse prestes a adquirir mais um navio para substituir o Costa Concórdia mantendo o insensato capitão a ferros numa cabine de bombordo. Abaixo da linha de flutuação e sem travas na escotilha, com certeza.

- Boa noite! disse com voz tranquila, em tom próximo à soprano no alto falante entoando o coro dos hebreus para desespero de Verdi e espanto próprio, já que a própria soprano ali se fez presente.

Mas, os aguapés ainda flutuavam nos remansos de um turbilhão de ilusões dançantes. Por isso, deixou-se permanecer sentada durante toda a tarde no bistrô, refletindo sobre como foram prazerosas aquelas últimas nove semanas e meia dançando o último tango após assistir quatro casamentos e chegar atrasada para um funeral. Caso contrário, você não pode ter certeza que anteriormente ela teria sobrevivido apenas utilizando os poderes da mente insana.

- Em cais vazios não entram moscas, nem as camisas param em pé. Olha, as sandálias do pescador não podem agasalhar pés descalços. Nem pode o velho usar pijama de flanela xadrez quando vai para o mar.

- Pode ser pior ainda. Fico constrangida só de olhar para o espelho. Na frente dele, o reflexo obedece as leis e costumes locais, sem influencia da banda livre flutuante do câmbio do dólar.

- Adoro este lugar, disse o convidado, inesperadamente, mas balançando a cabeça e sorrindo enquanto alisava a cabeleira.

Ninguém entendeu o canhestro diálogo. Por hora, Sofia sequer cogitou desdenhar o auxílio oferecido, em que pese a influencia de Zaratrusta sobre os incas. Sorriu recordando como a elefanta era simpática e obediente, frequentando todas as sessões camarárias quando da exibição daqueles filmes eróticos.
Qualquer um poderia supor ser razoável ao menos poder, no final do dia, repousar a carcaça deixando o guarda chuva pendurado no resposteiro aveludado sempre gritando ora com um, ora com outro e nunca com todos concomitantemente. Talvez, se assim não fosse entendido, os peixes não estariam espalhados em queda livre pela fossas abissais numa volúpia pelo suicídio coletivo. Má influencia dos lemingues empanturrados de tundra, acho eu.

Pode ter certeza que é razoável se a luz não for apagada, nem passar boa parte do dia discutindo política partidária sectária. Nado foi inventado. O fusível geral foi dimensionado pelo próprio secretário e a vida continuou correndo como ponteiros digitais.

 
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FilamposKanoziro
 
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