Muitos se queixam do meu feitio arreigado
Que explode na face que de Deus recebi
Dizem que é do Rio quase Mar azulado
Que banha a Cidade onde eu nasci
Falam que no crescer, meu corpo foi danado
Como ele da morte, não vivia muito afastado
Até que um belo e singelo amanhecer
Fez no brilho, a escura ceifeira desfalecer
Da infância não sei o passado (não me têm contado)
Pois era no presente que pequeno, adormecia
Escudando os olhos de uma fera humana, assustado
Que quando acossado, no corpo de minha mãe batia
Depois cresceu o pensamento, no adolescente calado
Que borbulhando hormonas de amor, sorria poemas
No seu Rio quase mar Azulado, onde chorava salgado
Por seu amor rejeitado, não ser azul mas encarnado
Dizem que as recordações nunca morrem
Vivem do coração, no sangue bombadas
Que constroem o caráter de um homem
Queimando na alma, as suas pegadas
Mas eu sinto mais do que posso falar
Escrever, ou chorar
Não sei como de mim tirar
O que não sai de modo vulgar
Sinto o torniquete apertado
Que contém o meu inundar
De emoções.
Que me asfixia o pensamento
Num eterno momento
Sem nunca hesitar
De mim se afastar
Coragem, entoo para dentro
São mais alguns anos por passar
Depois
Apenas passam meios mundos
Cheios de meias vitórias
Que na boca chegam a amargar
O tempo nada repassa,
tudo devassa
E eu não consigo extravasar o que se passa
Pois apenas se passa um humano a imolar
O seu sentimento,
num rio de paixões falsificadas.
Nele fui batizado,
Pelo falso profeta enganado
Pois ainda na água mergulhado
Vi que o mundo era aguado
Sujo, depravado por todos
Privado do seu amargurar
E esta dor que sinto
Que me corta o coração
São apenas fragmentos
Do ateu que morreu não conversão
Aleluia, que também eu sou Cristão
Muitos se queixam do meu feitio arreigado
Mas foi com ele que sempre vivi
É ele que me faz ser um rio azul inflamado
Que banha este corpo, onde eu nasci