Crónicas : 

Mastigue bem ao degustar moquecas de luz

 
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Nesta manhã que mal se inicia, o sol de inverno, como que imóvel no firmamento parece estar ainda nos estertores de uma meditação. Enquanto isso, a vida na terra apenas sussurra aguardando o astro rei iniciar seu périplo para lentamente levantar o capuz da noite, lançar a luz e calor iluminando as frondes das arvores.
Logo que o féretro baixar na cama quente e suja, apenas os trólebus herdarão a glórias das alturas e nos quadrados das distâncias. Em última instância, não deixe que beligerantes espadachins possam ouvir o som das locomotivas resfolegando vapor e hulha. Nem de mastigar bem quando saborear moquecas de luz. E principalmente, não se esqueça que os bondes devem ser cobertos com capuzes de cor roxa sem o que não florescerão nos anos vindouros.
Perto dali, na avenida deserta, o ambiente é assustador. Se existissem, pessoas teriam que respirar vapor que emana das janelas das casas ao redor do jardim. Ainda bem que a brisa da ternura sopra sobre os pobres diabos que insistem em manter as portas abertas nos dias da nevasca. Tanta insensatez até soa risível a qualquer sonâmbulo, que como todos sabemos, não deve ser despertado sob pena de acordar cansado e belicoso como esgrimista olímpico.



 
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FilamposKanoziro
 
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