Um mês de vida, disse ele.
Olhou para a mulher com lágrimas no rosto.
Confessou todos os seus pecados, da outra mulher e da outra vida.
Não sei dizer quem chorou mais, ele por ter revelado o seu lado oculto ou ela por ter descoberto verdadeiramente quem era o amor da sua vida.
Mas nada importava agora, porque haveriam de ficar chateados com algo sem significância naquele momento.
Nada importava agora.
O amor dominava a razão entre eles.
Amavam-se mais um ao outro do que aos filhos.
Deixando-os na casa dos avós deram a volta ao mundo.
Aceitaram por fim a morte.
Não pensavam em nada, não existia preocupações.
A presença um do outro bastava, eles não precisavam de mais.
O tempo não importava e por isso para eles o mês passou em dias.
Chegou finalmente a sua hora.
Deitado na cama, fraco e doente, olhou para ela e sorriu.
Neste mês viveu mais que em toda a sua vida.
Tornou-se no homem mais puro, no homem que todos deveríamos ser.
Utilizou as suas ultimas forças para sentir pela ultima vez os lábios da mulher.
E quando acabou sussurrou-lhe que tinha feito a descoberta mais importante de toda a sua vida.
A solução que toda a gente procura não sabendo como o fazer.
A verdadeira razão do homem existir.
Como viver e como ser feliz.
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