Passeiam o cão e seu dono, fiéis companheiros de jornada. Tão diferentes e tão iguais. Animais são os dois. Racionais? Não os dois. Irracional? Qual dos dois? O cão: Destaca-se por sua autenticidade. Raivoso, hostil ao mundo que o cerca. Inclusive aos de sua espécie. Para ele só existe seu dono e, talvez, se “pintar” uma fêmea no cio...! No mais, é o que é: feroz. E nisso está seu empenho, Não é vaidade – é natural, herdou de seus ancestrais – antes mesmo de se fazer “O melhor amigo do homem”. Em sua cara de mau, lê-se: cuidado comigo!
O homem: sem camisa, tatuagem no ombro, braços meio abertos, cenho franzido: Cara de mau. Postura muito semelhante à de seu fiel companheiro: o cão; apesar da diferença anatômica externa. Porém, destaca-se por sua conduta. Sua ferocidade velada grita aos quatro cantos: “Olhem para mim, veja como sou forte, tenho corpo sarado”! De relance, contempla seus avantajados bíceps (como Narciso no lago). E deseja que fêmeas no cio façam-lhe festivo cortejo (salvo o que dizem as más línguas sua preferência sexual). Aprendeu, desde as Cavernas: fêmeas escolhem machos fortes, aptos a defendê-las e as suas crias – garantia de preservação da espécie.
No mais, sabe: nenhum macho de sua espécie ousaria desafiá-lo ante tamanha demonstração de “poder”, por isso escolhe avenidas, parques... os mais movimentados,para, com total segurança,fazer sua habitual caminhada.
Manoel De almeida
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