As democracias dos países têm muito pouco poder no (des)concerto das nações, ou por outra, perante as plutocracias sem fronteiras.
As democracias já têm muito pouco de democracia. Apresentam-se como "pacotes" de propostas estereotipadas de partidos que são, por sua vez, estruturados em função de um sistema eleitoral também gizado para que o sistema político-social dito democrático cumpra, não a vontade do povo, mas a função de "converter" formalmente a vontade do povo numa legitimação do sistema.
E assim se conciliam princípios aparentemente inconciliáveis, como o princípio da primazia do lucro (proveito pecuniário) sobre o princípio da racionalidade da exploração dos recursos, ou sobre o princípio da soberania da nação.
Cada vez é mais difícil aos poderes políticos estabelecerem e imporem limites aos poderes financeiros e económicos transnacionais, até porque estes se apresentam, cada vez mais, supranacionais e não conhecem fronteiras e, além disso, tendem a ser dominantes nos processos de decisão política dos Estados.
A voracidade desta espécie de liberalismo incontrolável é assustadora, porque domina sem se deixar "governar", nem por regras que sejam suas.
A plutocracia, mafiosa ou não, obtém tudo sem dar garantias de nada, contrariamente ao cidadão que, mesmo para obter "nada", tem de dar garantias de tudo. Basta pensar num empréstimo bancário a um cidadão ou pequena empresa. Todas as garantias, pessoais e reais, lhe são exigidas, desde fianças a hipotecas. Mas um banco consegue obter financiamentos colossais, com dinheiros públicos (e aqui é que está o escândalo), sem dar e sem lhe serem exigidas, quaisquer garantias, como temos assistido ultimamente em Portugal.