Vejo a decadência humana
Numa decomposição atroz
Anjos negros sem asas
Gadanhas afiadas nas mãos
Rostos pálidos cicatrizados
Percorrem as ruas pelas calçadas
Famintos de almas sem coração.
Vejo olhares tristes, sombrios
Que percorrem o meu olhar
Parecem que pedem ajuda
Com sorrisos falsos de enganar
São apenas sombras que vão a passar.
Escuto palavras murmuradas
Que nunca vou perceber
Parecem mais gritos de dor
Silenciadas por aves que vão a passar
Sem asas para voar.
Sinto-me perdido neste mundo
Num tempo de hipocrisia
Numa realidade que não é a minha
Nesta decomposição maléfica
De humanos irracionais
Será tudo uma fantasia minha
Estarei eu a sonhar
Ou vivo num pesadelo real
De seres que se dizem racionais
Que não passam de partículas de pó
Numa irracionalidade cada vez mais atroz.
(Gaspar Oliveira)
Gaspar oliveira