Bela Infanta adormecida
neste poço da cidade,
pudesse eu te dizer
a dor que dói dentro
de mim ...
Esta paixão, triste prisão
que não tem fim!
Tão funda é minha dor
como fundo é este poço ...
Austera, incolor, infinita,
sem perdão! Onde Amor,
de dor-em-dor, sufoca,
castra o Coração.
Sou eu, perdido, aqui,
pensando em ti,
neste poço de solidão ...
Dá-me a mão!
Se escutas a quem ama de verdade,
acredita, em mim não há vaidade,
só saudade que quem ama sempre tem.
E nunca mais em vai-e-vem,
perguntámos, um p'lo outro a ninguém!
Bela Infanta adormecida
neste Poço da Cidade, ouve,
desperta, também...
Ricardo Louro
em Évora
Junto ao Poço da Moura Encantada perto da Catedral da Cidade ...
Ricardo Maria Louro