Teoria das Constelações
*Isso aconteceu cerca de quase treze anos atrás. Aqui coloco as coisas de uma maneira mais poética. Embora tenha sido tudo dessa forma.
O menino acabara de perder o pai e ainda não sabia:
Pensou que ele só estava hospitalizado e que voltaria para casa em breve.
Foi devido a uma queda de uma escada no quintal.
O menino presenciou tudo. Chamou gritando por alguém.
O socorro veio e levaram seu pai.
Porém ele nunca mais voltaria para casa.
Depois, o problema: Como e quem teria coragem de dizer ao menino?
Deixaram para depois...
Toda a pequena família veio para o enterro.
O menino ficou em casa com a empregada.
Não sabia direito o que representava toda aquela movimentação de parentes, que quase nunca via...
Tudo acabado, agora era a vez da notícia, quando a mãe com a família retornou para a casa.
"Quem vai dizer para ele?" Foi a pergunta.
A tia que entendia de crianças como ninguém, dentre todos que ali estavam, se ofereceu.
Era mesmo a melhor indicada, pois usou sua vida toda de psicologia infantil com seus filhos.
Esperou a noite e levou o menino pela mão para a varanda dos fundos e disse brandamente:
- Allan, sente aqui com a tia. Veja quantas estrelas no céu. Estão ali todos os dias, você sabe disso, não sabe?
- Sim, tia. Tem Lua e estrela sempre de noite.
- Então... Todo dia tem gente que nasce e que morre também, como as estrelas. Queria que escolhesse uma bem bonita para você.
O menino olhou e apontou para o céu, mostrando a que seria sua:
- Aquela ali, tia.
- Bem, então aquela é seu pai. Ele agora é uma estrela no céu. Toda noite vai estar lá. E você pode vir aqui, olhar e conversar com ele.
- Isso então quer dizer que ele morreu, tia?
- É isso.
- Tudo bem.
O menino ainda olhou um pouco para o céu estrelado virou e disse:
- Precisa nascer mais gente. Já tem muitas estrelas lá em cima.
Fátima Abreu