Defronte ao espelho meu vejo
Fico a esboçar pequenos traços
Devagar moldo um palhaço
Que vive dentro de mim mesmo.
Pinto os olhos de vermelhos
Com tanta graça e encanto
Passo a base, o pó branco
No canto e no rosto inteiro.
Finjo um sorriso nos meu lábios
Uma lágrima pinto num só olho
Fica a assistir o meu pimpolho
Achando-me o maior dos sábios.
Acho tudo isso muito engraçado
visto a roupagem multicolorida
Agora outra é a minha alegria
Calço meus gigantes sapatos.
Entro no meu carro fantasiado
E cada dia visito uma escola
Vivo da alegria e da esmola
Das cheches dos bairros favelados.
Algumas estranham minha performonce
Outras brilham os olhos de tanta felicidade.
Assim saio percorrendo por pequenas cidades
Para que não tenha dia que eu não almoce.
Tudo isso me faz com que eu remoce
Mas quando me despo da minha fantasia
Vai-se com ela toda a minha alegria
Mas o orgulho não deixa que eu a mostre.
Assim vivo meus dias entre alegrias e tristezas
Alegrando e sendo alegrando pelas crianças
Trazendo no meu peito uma nesga de esperança
De que um dia reine no mundo a harmonia e beleza.
Gyl Ferrys