Sou espírito que flutua nas alturas.
Embalo-me em desejos profundos
Acariciando as mãos que se erguem,
Admirando os olhares que se perdem
Numa montanha de histórias perdidas.
Sou luz que acalenta a alma inquieta,
A esperança em crenças longínquas.
Nada mais tenho de que o abismo,
Abismo repleto de medos e lamentos,
Pensamentos errantes num quase infinito.
São os carpidos do Homem no meu ombro
Que me tornam na sua esperança.
Trago em mim a transparência da alma
Sou terra sobre terra, o sustento
Sou gota sobre gota, a purificação
Sou o ar que suspira sobre a vida,
Quando pedra sobre pedra, a força.
Sou na montanha mais alta o lamento
O respirar de alívio sobre o céu, tão perto.
O tremer dos medos que pulsam nas veias
Estremecem o núcleo que me sustenta,
Sou em mim, no Homem a paz eterna.
Maria dos Santos Alves, poema inserido no livro "Grito Oculto"