Um dia vou embora, alguma coisa levarei:
De uma serenata que não fiz e de meu pai,
De mãos pesadas e desafinadas e afiadas,
Traçavam minha estrada, como a luz o escuro.
Um dia vou embora, alguma coisa levarei:
Noites frias e enluaradas, me envolvia em ti,
Luares de um corpo que percorri sem medo
Me colhia solto nos braços da vida, sem leito
Um dia vou embora, alguma coisa levarei:
A lembrança viva daquilo que quis e não fiz;
Sempre estradas dividiam os sentidos opostos;
Um dia vou embora, alguma coisa levarei:
Dos erros sem rimas, mais tarde, pra lá eu vou,
Sem cuidar de mim, nem de ti, então morri.
“as maiores mentiras da humanidade sempre nos foram contadas como verdades eternas”-Veríssimo
José Veríssimo