Évora, manhã cedo,
a cidade dorme ainda
num dolente amanhecer!
E eu, sem medo
nem esperança de te ver,
avanço pela Praça,
pronto a me perder...
Que a Praça
como cama da cidade,
tem no aconchego,
sem tempo nem idade,
dobras rendilhadas
de solidão!
Como Eu!
No meu pobre
e triste Coração
que te perdeu!
À noite,
todas as promessas
acontecem noutro leito,
noutra cama, noutro corpo.
Mas o dia sempre chega
rompendo a ilusão...
E afinal alguém se ama?!
Alguém se dá ao Coração?!
Só Évora aconchega
o meu triste desalento,
também ele sem idade,
sem Vida e sem Tempo.
Sossego o Coração
e adormeço enfim
na eterna solidão
da graça e da desgraça
que as dobras rendilhadas
da cidade, nos dá, amargurada,
no silêncio doloroso
desta Praça!
Ricardo Louro
Na Praça do Geraldo
em Évora
Num dia em que a realidade da separação entre os nossos corpos aconteceu.
Ricardo Maria Louro