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Tudo existe, até o nada
Tudo existe, até o nada e,
Seria injusto e pouco criativo
Se algo pensado não pudesse vir a lume.
As pedras, vejam só, é quem me diz isso,
Falam pelas quinas e eu as credito.
Só temos dois cotovelos e falamos o que falamos,
Imagine elas com suas quinas afiadas!?
E o mundo tem bocas enormes
A nos dizer, também,
Coisas que exorbitam nossa pobre imaginação.
O mundo fala pelos trombones,
Escandalosamente,
E nem faz muito segredo de outros mistérios,
O problema é que não
Queremos ouvir coisas “estranhas”(!).
Jesus foi exímio trombonista,
Falava de amor a toda gente,
Mas poucos gostavam da boa música.
Soava estranho naqueles tempos,
Assim como é estranho acreditar
Que as pedras também falam,
Mais e melhor do que muitos de nós.
Assim penso cá com meus botões,
Que também me dizem coisas
De arrepiar os cabelos da língua.
E se me vem esses pensamentos estranhos,
Quem sou eu para dizer que não existe?
Milton Filho/03.07.2014