Palavras para quê?...
E onde ficam os braços
que não te reconfortam?...
Tenho as mãos frias
e o meu olhar sonhador apertado contra o peito ....
Gela-me a alma por não saber dar calor
que fiz eu ao meu sol de inverno?
Morrem-me os sonhos
com os pés molhados ...
pneumonia no coração
e respiro mal pelo nariz.
Quero uma flor a sorrir de volta no meu jardim...
não quero sentir que lhe sopraram a cor das pétalas
e que o vermelho dessa boca
não confia no rosa dos meus beijos
para aprender a ser feliz...
Asas pelo chão...
borboleta rendida ao teu mel
não sabe beber da lua
e sem o teu néctar provar...
para quê tentar alcançar o infinito?
Estrelas no céu...
tenho asas de cristal
e nos olhos um nevoeiro
a pedir para ser rasgado à força.
Palavras para quê?...
Quero uma bola de cristal
para ser pedaço de futuro
e não lágrima apagada numa beata passada...
Daniela Pereira