O sereno
Vai banhando
A noite.
A casa
Vai se aquietando.
O silêncio
Recobra seu império.
A mobília estática,
Impassível.
Os gladíolos do jardim
Pendentes parecem dormir.
Na fruteira da sala
O tempo vai oxigenando
Bananas e maçãs.
Da janela vê-se o céu
Apascentando as nuvens.
De quando em quando
Um inseto insubmisso
Tenta quebrar o ócio
Das coisas.
A solidão vai degustando
E ruminando tudo.
(Danclads Lins de Andrade).